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Outubro

outubro 13, 2011
Como se a glote fosse se fechar a qualquer instante… Querendo um nome para as coisas, criando – contorcendo – movimentos possíveis. Um rito sumario que praticava sem vínculos com a saudade, sem afeto com lembranças que custaram a ser esquecidas. Pelos outros, não por ele.
A casa permanecia entulhada de outros passados, de vidas comuns. Fugia com um medo de seguir na mesma tragédia familiar – a atividade que nunca seria minha: destrinchar o alimento na hora da ceia, fomentar meus próprios ideais como crença incontestável aos meus filhos.
Diminuta a força que me agarrava a outros elos, evidenciando que eu não estaria são longe dessas febres, não criaria apegos…
Na fome questiono os direitos  próximos, chamando um nome de mãe. Como se só dor não bastasse – precisaria haver a piedade nos olhos de outros. Como se meus sentimentos satisfizessem uma exclusão, uma noção parcial da verdade, do que no escuro era mais um corte.
Me excedo por veias, vasos, por fora era uma conta sem expectativa, por dentro um interesse em criar uma estória elucidada. Como se faltassem lembranças, várias orações que foram-se em chamas. Pervertendo lençóis, cartas…
Era nessa perspectiva de me debruçar no escuro, ora tenso ora denso, a visão embaçada cedendo ao corpo, cólera se incorporando ao medo. Neste espaço sem abastecimento que eu me sentia preso. Carecendo de ruídos, algo que exportasse novos limites de desejo, sem a carência dos mesmos esforços. Mas o cotidiano daquelas medidas, por mais que seguras, estavam soltas. Aonde?
De que local aguardaria o desespero leve da perdição da casa, dos contrastes?
Se recolhia em silêncios. Para quem não sabia, não havia ali, não era uma questão de renegar ou com quais angustias se pronunciaria primeiro.
Nem os gregos viriam lutar por tão pouca terra. E eu creditava ao que era desenvolvimento humano a redução para com o sentido forte do que era palavra, esquecendo que primeiramente não existia filosofia, nem metafisica. Tudo é uma categoria de imaginação para um grito de socorro. que não socorria.
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